Ao fazer meu café nesta manhã, a princípio ensolarada e agora nublada- domingo de Carnaval- degustei um bela manga, como sempre fazia quando criança, descascando-a à mão, e me lambuzando todo, chupando até o caroço.
E me vi nos meus tempos de criança, no quintal da minha casa, que tinha – até hoje, estão lá, mais de 50 anos de idade- , belas e saborosas mangueiras. Creio que a maioria, plantadas pelo meu pai, o saudoso “seu” Godofredo, como meus amigos costumavam chamá-lo.
Foi ele quem me ensinou a subir em árvores, para pegar frutas- ele, exímio escalador das mais altas copas da cidade de Campos- hoje Campos dos Goytacazes- habilidade que gostava de se gabar, com muita razão, diga-se de passagem. Dava gosto ouvi-lo falar e vê-lo subir, com tamanha facilidade, meu pai, na época, com cerca de 39-40 anos , e eu nos meus tenros 10-11 anos! Olhem só, eu, já tendo virado 60 ano passado, falando do meu pai , o “velho” , no esplendor da sua maturidade, quarentão, então! ( rima, involuntária...).
Bateu saudades do pai, da minha casa, do nosso quintal – a pequena chácara que meu pai tanto curtia ( 1000 m2 , extensão do nosso quintal, um terreno baldio que meu pai comprou, no início dos anos 70 e anexou ao terreno da nossa casa, )- e que tanto cuidou , junto com a mamãe , plantando muitas árvores frutíferas e belas palmeiras-reais (hoje, uma delas,com , provavelmente, mais de 40 metros de altura- uma hora dessas, farei a devida medição, para corroborar este dado). Bateu saudades dos dias em que subíamos árvores juntos – meu pai, meu irmão e eu – à cata das mais suculentas mangas. Temos de dois ou três tipos, me lembro de 2 : da manga-espada e da carlotinha- nem sei se são os nomes mais conhecidos , mas eram esses os nomes que aprendi com meu pai.
Esta nossa chácara era um sonho de consumo do meu pai, desde que nos mudamos para a nova casa, na rua do Gás,(nome oficial,rua dos Goytacazes, mas porque tinha um depósito de gás, lá no final da rua, bem lá longe...era mais conhecida como rua do Gás), numero 264. Quando o pai comprou a casa, me lembro bem indo vê-la, era bem feiinha, num terreno estreito e comprido – creio que 13 x 50 – mas numa rua, então tranquila, bem pertinho do campo de futebol do Goytacaz Futebol Clube e que certamente sofreria uma grande reforma. E foi o que o meu pai fez. A chácara era o terreno que ficava nos fundo da nossa casa e depois de uns 6 anos que nos mudamos, o pai a comprou e começou a fazer o seu pomar, transformando aquele terreno baldio na sua sonhada chácara.
A próxima coisa que me lembro, era já morando na casa nova, que adorávamos, e que tinha até bonde – sim, bondes, aqueles elétricos, tradicionais – passando bem na frente, o que facilitava nossos deslocamentos pro centro da cidade. Tempos bons.Sinto pena de nunca ter feito fotos desses bondes que pegávamos bem em frente de casa e que até um dia, chegou a furar uma bola de couro minha, depois de um chute mais forte do Badeco, colega de bairro. Brincávamos na pequena varanda da frente e um chute do forte Badeco – da minha idade, mas do dobro do meu tamanho- colocou a bola, não na cara do gol, mas bem na mira das rodas de ferro do bonde que passava . E aí, já viram, já era uma bola de couro ...!!!
Bem, mas estas e outras história e estórias, continuo a contar n´outra hora. Sentei aqui, só pra registrar a lembrança gostosa e saudosa que tive do meu pai e das nossas mangueiras do quintal da nossa casa, ao chupar até o caroço e me lambuzar todo, uma manga. Uma simples manga que me fez viajar no tempo. Quem disse que não podemos fazer isso- viajar no tempo ? Ou não tem memória ou não teve infância!