sábado, 29 de novembro de 2008

O Sonho

Ele sonhou com ela ou pelo menos com um personagem que era ela. Não exatamente ela, tal qual sua foto, mas a sua pessoa, o seu jeito, a sua juventude, a sua inquietude. Ela estava ali, na sua casa, também não exatamente como ali, mas um lugar que seria ali. Conversavam e brincavam com o fato dela ser muito mais nova que ele. Podia ser sua filha ou a namorada do seu filho – e no sonho até lhe perguntava se, por acaso, ela não já tinha conhecido seu filho, por aí, veja só! Mas ela estava ali por sua causa, porque se curtiam e estavam ali. Chegou gente, de repente, na casa. Ela se assustou mas depois se acalmou. Era justamente o filho dele, que chegava de viagem, com uns amigos. A princípio, ela tentou se esconder, mas não havia motivo para tal e tudo ficou numa boa.
No sonho, ele acorda e liga pra ela que também conta que sonhou com ele. Riem. Teria sido o mesmo sonho? Seria possível tal sincronicidade? Antes que qualquer resposta surgisse e outra cena entrasse, ele acorda. Que pena. Cedo demais. Tentou pegar no sono de novo, para ver se o sonho conseguiria resgatar, para reencontrá-la. Mas ela já tinha ido, talvez para outros sonhos, quem sabe? Ficou com o gostinho de “quero mais”, ali saboreando flashes, vídeotapes do sonho, até que o despertador, antes que tocasse, lhe chama a atenção e o desliga antes que dispare.
São quase 9 horas da manhã, segunda-feira, hora de voltar pro real, para a vida e para, talvez, quem sabe, achá-la por aí... !


“Essa é uma crônica de ficção e qualquer semelhança com fatos reais deve ser mera concidência” - O Autor

RAPIDINHAS ( continuação)

Um Poema que Gostaria de Ter Escrito

“Escrevo para me completar. Minha escritura é o pedaço arrancado de mim. Escrevo porque tenho sede e não sou água: sou apenas o pote que pode guardar a água, a poesia...” ( Rubens Alves)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

sábado, 22 de novembro de 2008

RAPIDINHAS

Momentos ...

Toda pessoa ao chegar aos 50 (seu meio tempo de vida, cenário otimista...) deveria escrever, não exatamente suas memórias, mas os seus “me lembros”.
Pois, foi a partir dessa idéia que resolvi escrever esse livro – estou trabalhando nele -. São muitas lembranças, a maioria muito boas, algumas nem tanto, mas são lembranças que marcaram minha vida, meus momentos. E o que é a vida, senão uma seqüência de momentos ?

07/07/2006

En français ?

On vas, de tants en temps,
Courrire, Guerrire,
Sourrire…
On vas, tout les temps,
Faire l’impossible
Pour Vivre.

maio/2008

(aceitando correções na escrita, pois, apesar de me virar na fala, minha escrita em francês está muito enferrujada. Assim, leitores fluentes na língua, toda correção é bem vinda. Merci beaucoup.)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CRÔNICA DE UMA FESTA NA CLÍNICA

Bem, já faz quase 4 dias que estou aqui na Clínica. Acabei de infartar- isto é, nesse domingo passado, dia 12 de outubro, tive um IAM- Infarto Agudo do Miocárdio- coisa que jamais pensaria me acontecer. Logo eu, ex-atleta, ainda não tão sedentário, não-fumante, cuidadoso com a alimentação( assim eu pensava), mas ...com uma vida bem desregrada, sem horários, dormindo às vezes bem pouco e bem estressado, trabalhando no mundo de negócios, das finanças. Bem, deu no que deu. Infartei ! Foi difícil admitir, foi duro constatar, aceitar mas aconteceu!

Mas já estou legal e desde ontem à tarde – terça-feira - vim pro quarto e por aqui tem-se mais mordomia, mais liberdade, mais visitas permitidas, tô com até meu notebook, mas só para tocar uns DVD’s , ver uns filminhos e ouvir umas músicas. E aí ouvindo o concerto para Bangladesh, que acabei de ganhar da Tereza e do Alvinho, ( bons amigos de há muito tempo) na visita dela, dessa tarde (o Alvinho estava viajando) , me empolguei com o bom rock da época, todo nostálgico – ainda mais que tinha acabado de ler o livro do, também amigo, José Emílio Rondeau ( em parceria como o Nélio Rodrigues) “ Sexo, Drogas e Rolling Stones” onde muito ( bom ) rock passou pela memória -, me veio a idéia de armar uma festa aqui ... sim , aqui na Clínica!

Só fiquei imaginando:”...- bem, se tá todo o mundo aqui pelos quartos, estão todos bem, já em recuperação, esperando alta,...”. Vi, no quadro da enfermaria, a lista dos “convidados”: ( um grande quadro branco, com algumas colunas onde apareciam o número do quarto, as iniciais de cada paciente, a idade logo abaixo do nome, uma outra coluna com a sigla e/ou a descrição do caso de cada um , e mais alguns dados que não me lembro agora. A faixa etária, variando de 47 a 87 anos. Eu era um dos mais “jovens”. E tive essa idéia, quando , hoje mais cedo, um dos quartos estava com a televisão bem alta, numa baita sonzeira. Vi, também, bem em frente ao meu quarto, uma senhora, um pouco “entubada”, - tudo bem, ela estava com algumas sondinhas penduradas - , mas parecendo bem alegre. A lista estava mais ou menos assim :

Quarto; Nome;Sexo/Idade;Convênio;Médico;Diagnóstico;...

Quarto 1 : PSC ; M/67 ; UNIMED;DR.PAULO; AVC...
Quarto 2 : CRGC; M/55 ; UNIMED;DR.MARCELO; IAM ; ...
Quarto 3 : MGP; F/67; UNIMED; DR.FERNANDO; PÓS CATE...
Quarto 4 : PCF; M/59; PARTICULAR;DRA.ALICE; PÓS ABLAÇÃO(?)...
Quarto 5 : VLM ; F/86 ; UNIMED;DR.MARCELO; ARRITMIA ...
Quarto 6 : MFT ; M/47; UNIMED ; DR. FERNANDO; DESCOMPENSAÇÃO ...
.........................................................

E por aí ia, com vários outros nomes, convênios, mais médicos e muitos outros diagnósticos.

Acho que teria que mandar um convite especial para a UNIMED, pois é a grande patrocinadora do evento, com certeza. A distribuição também entre homens e mulheres estava desigual, com muito mais homens na lista. Teria que chamar as enfermeiras e auxiliares – aliás, todas muito bonitas - deixando de fora os poucos enfermeiros, que também são bonitões e ( concorrência desleal ) estão todos bens de saúde.

O convite diria mais ou menos o seguinte :” Hoje, a partir das 19:00 h...”- tem que começar cedo pois por aqui, as coisas “encerram cedo”, dá para imaginar porque , né ?- “...festinha de confraternização da ala dos recuperandos. Tragam seus headphones, CD’s , DVD’s. Traje livre, totalmente informal. Permitido apenas um acompanhante por quarto. Encontro do “esquenta” no quarto 2 , onde o paciente CRGC;M/57;UNIMED;DR.MARCELO; IAM ( esse sou eu, hehehe... ) oferece um pequeno “cocktail” não-alcólico de boas vindas. Serão servidas bolachas Maria, torradinhas, frutas e sucos naturais. As enfermeiras todas deverão vir, acompanhando seus pacientes em fase mais difícil de recuperação.”

Tenho dúvidas se convido também os respectivos médicos, coitados né? Afinal, graças a eles, estamos todos aqui, na reta final para voltar para casa.

Só imagino a “turma” chegando, alguns sozinhos, bem saltitantes, outros mais devagar, alguns até em cadeiras de roda, para facilitar a locomoção com seus eventuais acessórios, etc. . As enfermeiras, com sua suas maquiagens retocadas – vai que os médicos apareçam, né? Elas tem que estar a mil, certo? - . Música baixa tocando, – abriríamos com “My Sweet Lord” do George Harrison, que além de ser bem conhecido, a letra sugere uma festa angelical, bem comportada; em seguida, “Blowing in the Wind”, do Dylan e depois largaríamos “Here Comes the Sun “, todas essas do repertório que tenho aqui comigo e seria a minha contribuição como DJ residente. Claro que quem trouxesse seus CD’s , DVD’s, teria também, cada um, seu momento DJ. Quem quisesse ouvir mais alto e/ou rock pauleira – caso aparecesse algum fan do Deep Purple ou mesmo Led Zeppelin - aí sim, faria uso do setor de headphones, para não incomodar o restante da Clínica.

Pela faixa etária prevista, é bem provável que apareça algum Pat Boone, Elvis, Bill Halley, Frank Pourcel e até quem sabe Valdir Calmon, Emilinha Borba e Ângela Maria. Como não vi nenhum portenho na área, tango provavelmente não teria. Seria literalmente, uma festa de arromba, onde também o rei Roberto Carlos, caso tivesse algum fã com algum CD seu, seria devidamente tocado.

Com tal clima de alegria dessa breve “noitada”, com certeza, no dia seguinte o número de altas seria considerável, obviamente, descontadas as devidas baixas...!


Florianópolis, 16 de outubro de 2008
(diretamente do quarto 2, na Clínica SOS CARDIO)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Carta pro Bernardo

Bê,
Uma etapa da tua vida já é passado. O primeiro grau agora já é mais uma lembrança. Tenho certeza que das boas. Um desafio vencido, precursor de muitos outros que virão por certo. Tenho certeza que você poderá ultrapassá-los todos. Basta você querer, persistir, lutar e você sabe como fazê-lo.

Existirão momentos difíceis, como alguns que você mesmo já passou. Mas nada como um dia depois do outro para a gente perceber que o bicho não era tão feio nem tão bravo assim!

O pai lembra muito das tuas coisas na escola. Das tuas estórias, dos teus desenhos, do teu livro que um dia você me dedicou. Eu o tenho guardado comigo até hoje, assim como vários dos teus desenhos.

Não desanime quando não souber resolver uma equação, não conseguir achar a área de um triângulo ou não souber se a oração era coordenada ou subordinada. Estes serão apenas detalhes que na hora certa, você saberá e aprenderá a compreendê-los ( a resolvê-los), se um dia precisar.

Procure sempre pensar com calma, na hora de resolver qualquer problema. Permita-se criar coisas, ouse fazer diferente, se assim achar que deve ser. As barreiras existem para serem ultrapassadas!

Como o Alcides – o professor de Geografia que você tanto admira - mesmo disse, sonhe alto, sonhe grande, qualquer que seja o significado de alto e grande, desde que seja o teu significado. Mas tenha sonhos! Eles existem para nos guiarem. Na hora certa, você saberá transformá-los em ações concretas.

Eu me orgulho muito de você e queria te dizer que gostaria que você visse em mim, além da figura de pai, um amigo, apoio para todas as horas, pro que der e vier. Conte sempre comigo. Eu te amo muito!

Felicidades,

Florianópolis, 17/12/96 .

Formatura do Bernardo, do primeiro grau.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Pedaços de mim ...

Vou juntar os pedaços
Das linhas que tenho escrito
Em cadernos, folhas,
Guardanapos de bar.

Vou achar minhas linhas
Perdidas no tempo
Talvez, como meus pensamentos,
Sem saber onde estavam
Sem saber onde iam .

Mas vou atrás das minhas
Linhas, páginas, dos meus pedaços
Cada parte de mim, solta por aí
Dizendo coisas que, talvez,
Só para mim, tenham um fim !


25/11/2006

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

PAI

Tenho saudades de você
Do pai amigo, pai esposo, pai irmão, pai pai
Tenho saudades dos momentos vividos
Dos momentos queridos, jamais esquecidos

Tenho saudades daquilo que fizemos
Daquilo que pensamos em fazer e...
...que não deu tempo !

Tenho saudades das nossas viagens
Das nossas brincadeiras
Das nossas besteiras

Tenho saudades das suas imagens
Do seu sorriso, dos seus olhos pequeninos
Tenho saudades da sua bondade
Do seu amor por sua mulher, nossa mãe
Amor declarado em cartões amorosos
Amor sentido em seu olhar caloroso

Tenho saudades do seu sorriso
Das suas bochechas morenas
Da sua fala pequena
Do seu coração gigante
Para nós, sempre presente...

Tenho saudades pai
Muitas saudades...

12/07/2006

domingo, 16 de novembro de 2008

Lagoa

Como sempre, ali está ela
Bela, formosa, sempre no mesmo lugar
Tranqüila agora, ao amanhecer
Espelhando o verde à sua volta

Como sempre olho para ela, ao despertar
Ela nem se incomoda, toda singela
Com cores esverdeadas, prateadas
Ali na dela, pra quem quiser cortejá-la

Ela, a Lagoa da Conceição...

O PESCADOR NA LAGOA

Como sempre, ao levantar-me e a lagoa fitar
Lá está ele, sempre no mesmo lugar
Com seu barquinho na água espelhada
Na lagoa que ainda boceja, admirada

Olho da varanda, bela paisagem
O pescador se encaixa na miragem
Bem através dos galhos de uma árvore que espera sua gralha
Que, como sempre, em bandos passam anunciando mais um milagre

Milagre de mais um dia despertar
Frases "clichê", não nem aí...
Só quero expressar todo meu prazer

Olha eu aí, sem querer, num Soneto
Encaixando palavras, tiradas...do ar
Desta vez um pescador admirar

SONETO II

Mas o que é um Soneto ?
Rimas são obrigatórias ?
Ou apenas indicatórias ?
Tem que contar alguma história?

Mas o que é um Soneto afinal ?
Um conjunto de prosas ?
Quatro versos , Quatro estrofes?
Seguidas de Três outros versos, Duas vezes?

Será isso mesmo, que escrevo?
Perguntando a Não-Sei-Quem ?
Frases soltas, procurando um chegar?

Mas, afinal, o que é mesmo um Soneto?
Uma prosa, ou isso é outra coisa?
Ou seria apenas uma Hipotenusa, procurando seu Cateto?

(Segunda Tentativa de um Soneto escrever ) – Fpolis, 13/07/2007 – sexta-feira

SONETO I

Essa vontade de escrever que vem e vai
Num movimento tipo montanha russa
Me deixa perplexo, confuso às vezes
Vontade latente, nem sempre presente

Essa vontade de escrever que me tira da cama
Do sono divino dos sonhos, às 5 da matina
Que me coloca em dúvida se corro ou escrevo
Se queimo calorias ou exercito meus neurônios

Essa tentativa de fazer um soneto
Sem muita certeza se é isso mesmo que quero
Se nem sei, ao certo, pra que serve tal epiteto

Uso palavras que nem sei ao certo
Seu significado corrente mas que de repente
Encaixam numa rima que nem sempre acerto

Florianópolis, 12 de julho de 2007, 6h17min (primeira tentativa, planejada, de escrever um soneto)

Despertar na Lagoa

É muito bom despertar sob o som da chuva ...
... Das gotas de chuva batendo nas folhas das palmeiras
Do repicar na relva
O cheiro da grama molhada
Ao som da gralha em busca de abrigo

É muito bom acordar aqui
O verde por toda a parte
A Lagoa no horizonte
As dunas ao fundo

O som desse silêncio me fascina
O visual dessa natureza me cativa
A sensação de onipotência ao me sentir nesse cume
Se esvai diante da grandeza do que vejo e sinto
Certo que uma energia maior, no comando
Rege a sinfonia da vida nesse mais um despertar.

Florianópolis, 9/07/2007 – 08:30 h – Casa da Lagoa

A VIDA É MUITO SIMPLES

A VIDA É, ÀS VEZES, MUITO SIMPLES
O HOMEM NA FEIRA
A FREIRA NA IGREJA
A IGREJA SENDO PINTADA
O PINTOR JOGANDO DOMINÓ NA ESQUINA
A ESQUINA MOVIMENTADA
O MOVIMENTO NO POSTO DO JOGO
A JOGATINA NO BAR DA TINA
O FRANGO ASSADO NA VITRINE, SOB O OLHAR DA MENINA

O BARCO CHEGANDO NO TRAPICHE
CARROS PASSANDO NO ASFALTO
CRIANÇAS BRINCANDO NA PRAÇA
A POLÍCIA, SENTADA, VIGIANDO
A MOÇA PASSEANDO SEU CACHORRO
OU QUEM SABE, O CÃO PASSEANDO SUA DONA

O VENTO SUL QUE NÃO FICOU OS TRÊS DIAS
O SOL DA SEXTA-FEIRA
QUE DEIXOU O SÁBADO SEM PRAIA
FAZENDO A IDA À FEIRA O PROGRAMA DA MANHÃ

A VIDA, ÀS VEZES, É MUITO SIMPLES.


Beto Guzzo
21/11/1998