EPÍLOGO
22 de março de 2008
Passeando pela Lagoa, entrei, “por acaso”, na rua Afonso Delambert Neto. Algo me levou até o final da rua, onde outrora existiu o Chalé. No seu lugar um prédio de 4 andares. A rua toda, está cheia de prédios. Só o Navio resistiu. Lá estava ele, como se fosse um sobrevivente de uma era, em frente ao terreno do Chalé. Me deu até um calafrio, um arrepio e fiquei emocionado, revendo o Chalé daquela nossa época. Vi a rua de chão, os terrenos baldios, a sensação de tranquilidade. Deu uma vontade de chorar, contida - não sei por que! Lembranças mis passaram pela minha cabeça, daqueles tempos, onde nos divertíamos com pouco, com a simplicidade do desconhecido, num lugar paradisíaco. O Navio está ainda ali. Olhei a janela do quarto, onde pela primeira vez namorei a minha futura esposa. Me vi dando um “Ciao”, ao sair de manhã, com ela me acenando da janela. Ia para uma competição de natação. Senti o cheiro de barro da rua, senti saudade das pessoas que ali vinham sempre, senti prazer por ter tido a chance de ter feito parte daquela paisagem, daquela rua, do Chalé! Só quem viveu ou passou por lá sabe com certeza, do que estou falando. Foi um lugar único, mágico, mais do que acertadamente apelidado de CÉU, pelo nosso querido Zé, também morador. Lá era tudo alegria, não tinha espaço para tristezas. Tudo acontecia, tudo fluía. Existia um código não escrito entre seus moradores que fazia com que as coisas acontecessem. Tudo bem que de vez em quando faltava comida, lâmpadas, papel higiênico, etc. . Mas tudo isso era mero detalhe. Era só dar um pulo na esquina e comprar na vendinha do "seu" João e anotar na caderneta que, religiosamente, era paga todo fim de mês. Nós, olhem só, durante um tempo, até chegamos a dividir as despesas, proporcionalmente ao que cada um ganhava de salário. Um quê de socialismo barato mas eficaz. Era tudo alegria, mas como tudo que é bom dura pouco, os tempos do Chalé também chegaram ao seu fim. Mas o pouco que durou – cerca de 2 anos e meio- parece que foi muito, uma eternidade, até hoje marcada nas nossas lembranças. Marcas saudáveis de um grupo, de uma casa, dos amigos que passaram e que se foram; dos amigos que ainda estão por aí; daqueles que de vez em quando ainda aparecem; daqueles que nunca aparecem mas que ainda dão notícias; daqueles que não aparecem e nem dão notícia, mas que ouvimos falar; daqueles que não aparecem mais, não dão notícias e nem ouvimos falar e daqueles que não aparecem mais porque somente tivemos notícias por outros, que já tinham partido para outros planos...!
Na minha cabeça a rua Afonso Delambert Neto será sempre a rua do Chalé...!
F I M
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