sábado, 10 de julho de 2010

Homenagem ao Grande "Poetinha"

19 de outubro de 1913.

"Nome : Vinicius. Por quê?
O Quo Vadis, saído em 13
Ano em que também nasceu.
Sobrenome: de Moraes
De Pernambuco, Alagoas
E Bahia(que guardava com êle)
Carioca da Gávea
Bairro amado, de onde- dizia êle- nunca
Deveria ter saído.
Foi, era e seria sempre casado
E apesar do que se diz
Não se achava tão mau marido.
Filhos : três e - na época- um a caminho
Altura: um metro e setenta
Meão,pois. O colarinho
Trinta e nove e o pé quarenta.
Peso: uns bons setenta e trê
(que "precisavam ser reduzidos")
Diziam-no poeta; diplomata
Êle o era, e por concurso
Jornalista por prazer
Nisso tinha um grande orgulho
Breve, dizia, "serei cineasta"
(Ativo). Era materialista.
Deitava mais tarde que devia
E acordava antes do que gostava
Foi auxiliar de cartório
Censor cinematográfico
Funcionário ("incompetente"- nas suas próprias palavras)
Do Instituto dos Bancários.
Na época,era segundo
Secretário de Embaixada.
Formou-se em Direito, mas
Sem nunca ter feito prática.
Infância, pobre mas linda
Tão linda que mesmo longe
Continuava nêle ainda.
Preferia vitrola a rádio
Automóvel a trem, trem
A navio, navio a avião
(De que já tivera um desastre.)
Se voltasse a vida atrás
Gostaria de ser médico
Pois era um médico nato
Suas frutas prediletas
Por ordem de preferência:
Caju, manga e abacaxi.
Foi com seu pai, Clodoaldo
de Moraes,poeta inédito
Que aprendeu a fazer versos
(Um dia furtou-lhe um
Para dar à namorada).
Tinha dezenove anos
Quando estreou com seu primeiro livro
"O Caminho para a Distância"
Seu preferido era o último:
"Poemas, Sonetos e Baladas".
Tocava violão, de ouvido
E fazia sambas de bossa
Garoto, lutou "jiu-jitsu"
Razoavelmente. No tiro
Sobretudo em carabina
Era quase perfeito. As coisas
Que mais detestava: viagens,
Gente fiteira, fascistas,
Racistas, homem avarento
Ou grosseiro com mulher.
As coisas que mais gostava:
Mulher, mulher e mulher,
(Com prioridade da dêle)
Seus filhos e seus amigos.
Ajudava bastante em casa
Pois era um bom cozinheiro
Morava em Paris,então,mas dizia,
" não há nada como o Rio de Janeiro
Para me fazer feliz
( E infeliz)
." Desde os 7 anos
Vinha fazendo versinhos
Gostava muito de beber
E bebia bem ( na época menos
Do que há dez anos antes).
Sua bebida era o uísque
Com pouca água e muito gelo.
Gostava também de dançar
E acreditava ser essa coisa
A que chamavam de boêmio.
Em Oxford, na Inglaterra
Estudou literatura
Inglesa, que foi
Para êle fundamental.
Falava que gostaria de morrer
De repente,não mais que
De repente, e se possível
De morte bem natural.
E depois disso, ao amigo
João Condé nada mais diria."

Reprodução, com Adaptação livre, de Auto-retrato
de Poesia Completa e Prosa

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