Acabo de chegar de uma bela viagem por Pernambuco - Fernando de Noronha (mágica!), Recife e litoral sul - dando uma espiadela em Maceió - a mais bela orla(beira-mar) que tive a oportunidade de conhecer, na praia de Pajuçara!
Sem falar nas belezas naturais, de conhecimento público - impossível não se extasiar diante das belas praias de Noronha com suas águas cristalinas e uma fauna e flora incrível! Nadar e mergulhar num espelho d´água,com temperaturas perfeitas e visibilidade mínima de 15 a 20 metros, no mínimo, é algo que não pode deixar de ser experimentado, tamanha a magia experimentada, vivenciada. Ainda mais, se tiver a sorte de nadar perto de tubarões e barracudas, sem o menor perigo, tal o equilíbrio - da cadeia alimentar- existente. Algo indescritível, que só pode ser devidamente avaliado, se vivenciado.
Assim, sem me alongar mais - mas mesmo assim, tendo me alongado- passo a descrever outros aspectos desse Brasil que não conhecia, ainda!
A princípio, chegava a me causar espanto o linguajar nordestino, com suas expressões, nada usuais pra nós, do sudeste , sul. Frutaria, comedoria, painho,mainha(o), bom por demais, eu e mais tu, oxe(ou o oche ?!), e por aí vai...! E as adaptações do nordestino para o inglês ( parasols ,para expressar na língua do Tio Sam, a palavra " parasóis! Aviso , da prefeitura de Porto Galinhas, na praia : " Limits of chairs and parasols!, a versão de " Limite de cadeiras e parasols", demarcando até onde se podia armar os tais parasóis ( a tradicionais -para nós aqui do , sudeste, sul- barraca de praia, ou guarda-sol!)
Mas, aos poucos, fui me acostumando e reconhecendo que temos, na realidade, vários “Brasis” no nosso lindo Brasil, assim como temos várias vertentes, regionalismos, do nosso belo português. Assim, não se trata de dizer que ser fala errado, no Nordeste.- quem seria eu para ousar tal afirmativa?- mas , pelo menos , para nós , aqui, das bandas mais ao sul do Equador, admitir que por lá , se fala de uma maneira diferente, e que, talvez, até nem conste nos tradicionais dicionários, algumas expressões. Mas se o povo fala , se o povo entente e se comunica, por lá, tá certo e pronto! Assim, fui me acostumando, até aderindo e passando a usar o que passei a chamar de Nordestismo ( não temos o Anglicismo ?).
Povo simples, comunicativo, às vezes retraído, mas sempre alegre e educado, esse irmãos do Nordeste me conquistaram. São diferentes nas suas falas, nas aparências, nos seus modos, mas são parte de nós, desse Brasil, que tem vários “Brasis”!
Acostumei-me a cruzar,no trânsito , mesmo de grandes cidades, com carroças – em Pajuçara, Maceió, uma placa de trânsito indicava a proibição de estacionar carroças, puxada a jegue ou cavalo! Encarei, com surpresa e “naturalidade”, o segurança de um posto de gasolina, à beira da estrada, sentado com uma espingarda no colo – um senhor, magrinho, vestido à paisana, bem nordestino, com seu “trabuco” , repousando tranquilamente nas suas pernas. Mercados, com peixes e carnes em bancadas fora da geladeira; quitandas espalhadas pelas ruelas em volta do Mercado São José, em Recife, vendendo todos os tipos de frutas; barcos cruzando o Capibaribe – ou seria o Beberibe? – sem salva-vidas, com tábuas soltas servido de refôrço pro fundo do barco; comi guisado de bode( faltou experimentar a famosa “buchada de bode”),cuscus com salsichas no café da manhã e muito queijo coalho.
Tudo isso, ao mesmo tempo, “ chocante” e natural. Aprendi que lá é assim e ninguém passa mal com dor de barriga, nem barcos afundam facilmente.
E, ainda por cima, o povo tem, talvez, o carnaval mais alegre e econômico do país, sem abadás, sem cordões e a grande maioria dos blocos, sem trios elétricos , só ao som dos Maracatus e dos saltitantes Frevos. Cada um faz o seu carnaval, seguindo os blocos que mais lhe agrada. Tem o Galo da Madrugada ( este, excepcionalmente, puxado a trios, mas de livre acesso a quem quiser, reunido mais de 1 milhão de pessoas). Tem a Galinha do Meio-Dia, em Porto Galinhas; tem o boneco da meia-noite em Olinda, que tem também a euforia do carnaval das ladeiras e dos encontros e desencontros nas esquinas dos quatro cantos.
Enfim ,uma grande magia, que ajuda a emoldurar esse Nordestismo, que a todos encanta.
Obrigado, povo do Nordeste, pela hospitalidade e por ter me dado a oportunidade de estar com vocês , mesmo que por poucos dias. Sinto-me mais brasileiro do que nunca. Vixe !
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