terça-feira, 11 de maio de 2010

Um velho caso de amor...! Parte 1

Ah, esse meu velho caso de amor com ela ...!
Bem, fazia tempo que eu não a via. Por onde ela andaria?
Quando resolvi tê-la, queria oferecê-la, como presente...(?). Ela sempre foi assim, juntamente com suas companheiras, de diversos tipos, modelos lindas, internacionais, sempre foram objeto de desejo de muitos e estavam acostumadas a passar de mãos em mãos, sem serem consideradas vulgares, jamais. Coisas que somente um seleto grupo, tal como elas, conseguia.
Não foi fácil achá-la. Sempre me diziam que elas eram muito especiais, disponíveis somente em casas especiais, caras ! Sim teria que pagar para ter uma delas, mas com uma grande vantagem, ao pagar, ela passaria a ser minha, só minha dali pra frente, com exclusividade total para que eu pudesse fazer com ela o que eu quisesse, pintar e bordar , como diriam, inclusive dá-la de presente para alguém, imaginem só! Elas eram muito boas de usar, mas de certa forma delicadas, correndo o risco da gente se lambuzar um pouco, com seus fluidos que, embora raramente acontecesse, saía , algumas vezes, sem controle, causando embaraço e um certo desconforto...(!). Mas bastava que a tratássemos com carinho, segurando-a bem, com uma pegada firme, certa, que situações desse tipo jamais aconteceriam.
Finalmente achei uma especial, que me apaixonei logo. Na realidade eram duas. Só viria para mim se a companheira dela, mais simples, mas igualmente bonita, viesse junto. Estavam sempre em dupla, inseparáveis, pelo menos nessa casa onde as encontrei! Eram modelos francesas, essas, embora de origem americana. Eram negras, com alguns tons dourados – pintura, maquiagem(?)- que lhes davam uma aparência singular. Nunca tinha visto algo assim. Acertadas as condições com a proprietária da casa, levei-as comigo, pensando, ainda, em ofertá-las como um presente. Maluquice minha, logo percebida, pois jamais concretizei essa idéia, mantendo-as comigo, até os dias de hoje!
Só que após algum tempo de convivência e uso, relaxei e parei de ter contato com elas, embora estivessem sempre morando comigo. Estavam sempre em lugares que, por vezes, custava encontrá-las , imaginem só, na minha própria casa! Em lugares onde eu as colocava confortavelmente ( lembrem que eram delicadas), mas que, ficando sem procurá-las por algum tempo, – que louco era né ? deixá-las assim de lado! – perdia contato com elas e até esquecia que existiam. Que louco deveria estar, para desprezá-las assim!
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Pois bem, muito tempo se passou sem que eu me lembrasse delas,embora sempre comigo, me acompanhando por todos os lugares onde morei. Nesse tempo, tive várias moradias e elas sempre à reboque, sempre na delas, bem aconchegadas em algum cantinho que sequer as via!
Uma delas, a que eu sempre desejei e da qual mais eu usufruía,sumiu mesmo. Não a encontrava de jeito nenhum. Parecia que tinha se escondido de mim. Então, nesse ínterim, o jeito foi ficar com a companheira dela, não tão especial, mas igualmente gostosa de se pegar. Esta deslizava mais facilmente, sob meu controle e tinha uma grande vantagem : jamais me deixava na mão me lambuzando...!
Até que um dia a encontrei, perdida e parecendo ter sofrido algum acidente ( depois me lembrei do episódio ocorrido)- um pouco avariada em suas partes internas...!!! ( Lembrei mais tarde que , uma vez, ela caiu no chão e um cão labrador que eu tinha, filhote, veio brincar com ela e, sem querer, a machucou feio, a tal ponto de eu não conseguir mais usá-la...!- e daí a razão de eu tê-la abandonado, deixado-a de lado.
Esse reencontro foi ótimo pois, no fundo, no fundo, estava com muitas saudades de tê-la nas minhas mãos novamente, de usá-la o tempo todo, sempre que necessário e ...por que não, exibi-las aos amigos, afinal, poucos tinham algo parecido. Ainda mais uma francesa, preta, com tons dourados ! Só que, devido ao tal acidente, ela não estava em condições de desempenhar bem suas funções. Conseguia ficar de pé, comigo segurando, conseguia ficar deitada por si só, mas ...na hora de usar, negava fogo! Assim fui atrás de alguém que pudesse dar um jeito nela, que soubesse como tratá-la e que a colocasse , novamente, em condições de uso. Ela, por ser especial, só bebia um líquido feito só para modelos como ela. Mas para isso, precisava que ela se recuperasse, exatamente como era, originalmente. Não achei quem tivesse condições de colocá-la em funcionamento tal como era, quando veio parar em minhas mãos.
Mas, depois de muita procura – poucas casas lidavam com modelos como ela- achei um paliativo e finalmente pude voltar a usá-la. Numa casa achei um cartucho, um refill já com a tinta certa, para a minha maravilhosa caneta tinteiro Parker. O tal conversor, que tinha sido destruído pelo meu labrador, onde se coloca a tinta especial dela, estava em falta e após ter encomendado um para mim, o jeito foi passar a usar, por enquanto, o cartucho substituto. Mas assim que a parte que falta chegar, voltarei a ter o prazer de, como nos velhos tempos, reabastecê-la com a tinta e continuar a usar e abusar da sua maravilhosa escrita que só as boas tinteiros conseguem fazer! E, para assuntos mais corriqueiros que tenho que escrever, assinar, pro dia-a-dia, continuo usando a sua companheira, uma esferográfica , do mesmo modelo – Sonnet, made in France- não tão charmosa mas bem macia e bem bonita também!

Um comentário:

Anônimo disse...

Ficou perfeito!!!!! bem mais intrigante... rsrsrsrsr